sexta-feira, 29 de julho de 2011

Impaciência!

Após anos de busca do conhecimento, chego à terrível conclusão: sou horrivelmente impaciente. Quero tudo para agora. O tempo é hoje, preparando o amanhã. Viver intensamente cada momento, a dor, alegria, prazer, a maternidade, o jornalismo, amigos, amores.

Esperar me destrói, talvez porque ainda não introjetei o ensinamento de Jossein Toda de que a felicidade nem sempre está longe de nós, complementado pelo filósofo e escritor Marquês de Maricá de que, em seu dizer, a impaciência, quando não rodeia os nossos males, agrava-os.  

Ariana com ascendência em touro brigo com a incapacidade de suportar a espera. A vida bem que tenta ensinar, mas rebelde, teimo em não aprender. O grave é que racionalmente concordo com o apóstolo dos Gentios, de que há tempo de ceifarmos se não desfalecermos. Mas, esperar é cansativo, despreende muitas energias.

Teria razão o filósofo prussiano Immanuel Kant de que “a paciência é a fortaleza do débil e a impaciência, a debilidade do forte”? Talvez prefira eu sentir o amor sem medidas e a impaciência não conhecendo limites de São Jerônimo, pois, assim, assumirei o meu descontentamento de ter de esperar que um dia, em um futuro longínquo, não existam mais crianças abandonadas nas ruas tendo como companheiras as drogas e a indiferença, ou homens e mulheres encurvados pelo tempo mendigando o comer do dia.

Ora, como aceitar a passividade de uma sociedade corrompida que perdeu o dom maravilhoso de se emocionar com o sorriso do inocente, o choro do abandono, a alegria do levantar? Como ser paciente com a mentira que nos fere o ouvido, o fingir dos sentimentos, a maldade na espetacularização dos meios de comunicação com o sofrimento de famílias fragilizadas pela tragédia que bateu à sua porta? Sou impaciente com seres que trocam o papel de pai ou mãe pelo de carrascos de crianças prostituídas, abandonadas, amordaçadas, espancadas... e tantas adass.

Quero a realização dos sonhos hoje. Amanhã, novas fantasias, outras conquistas, derrotas, ganhos e perdas. Quem eles venham sem demora.  Enquanto isso, um pouco de Gregório de Matos:

Cresce o desejo, falta o sofrimento,
Sofrendo morro, morro desejando,
Por uma, e outra parte estou penando
Sem poder dar alívio a meu tormento.

Se quero declarar meu pensamento,
Está-me um gesto grave acobardando,
E tenho por melhor morrer calando,
Que fiar-me de um néscio atrevimento.

Quem pretende alcançar, espera, e cala,
Porque quem temerário se abalança,
Muitas vezes o amor o desiguala.

Pois se aquele, que espera se alcança,
Quero ter por melhor morrer sem fala,
Que falando, perder toda esperança. 


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