segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Bonequinha de pano!


Era uma vez um jovem casal com um filho que muito desejava uma menina. Os pedidos tornaram-se alegria, vida. Em uma ensolarada manhã de sábado de 1993 chegava aos braços da mãe a irrequieta criança. Gorducha, olhos suaves, choro forte, cabelos pretos. Parecia ela uma das bonequinhas de pano criadas pelas delicadas mãos de minha avó Mundinha, que encheu minha infância de fantasias.

Filha de minha vida, fruto de meu corpo, libertou-me de uma vida mesquinha, que eu tinha e dizia ser só minha. No primeiro encontro, a menina reforçou o meu destino mais precioso e criativo, o de ser mãe. Minha liberdade, que eu pensava perdida, ganhou novo nome: felicidade.

Do pai, ficou um pouco de tudo na criança, que hoje se faz moça. Um pouco de seu queixo ficou no queixo da filha. De seu sorriso, a certeza do caminhar. De seu áspero silêncio, um pouco ficou quando seus apelos não são atendidos. As explosões de sentimentos, zangas e esquecimentos das mágoas, também ficaram na menina alegre e criativa.

Com ela, a casa é sempre alvoroço. Festa, risos, reclamações, batidas de portas. Mariana não aceita tranqüilidade. Tudo é muito intenso. Estudo, balé, amizade, companheirismo. Exige sempre atenção, talvez por estar sempre à disposição dos que a cercam e dos que acaba de conhecer.

Nos passos de demi-pilé, pointe tendu, passé, sissine, pás debourrée, plié expressa a alegria do viver. Feito pássaro tímido, ensaia os primeiros voos sem medo, e a sonhar o sonho dos adultos. Seus braços se enchem na solidariedade, no sorriso das crianças carentes que assiste nas tardes de sábado. Mariana voa no afeto a avó Lúcia, na entrega aos dois irmãos, no carinho das primas, na cumplicidade com a mãe.

De temperamento forte e doce, aceita o papel de conselheira das amigas. Talvez explique a escolha por estudar a psicologia social e humana e desbravar os pensamentos de Sigmund Freud, Gustave Le Bom, Carl Gustav Jung ou Wihelm Reich. Tentaria ela decifrar o outro para se perceber melhor? Ou seria o sentimento de desprendimento e amor ao outro que sempre a motivou?

Mas não se enganem. Nada de imposição. Que o diga a babá Vanisa, sempre questionada em suas ordens. Muita pequena, já incentivava Victor, o irmão mais velho, tímido e obediente, a rebeldia contra a "tirana" babá.

-Ela não é nossa mãe. Não obedece a ela, não.

Disparava a rebelde no alto de seus seis anos quando ao irmão era imposto comer verduras e frutas indigestas para as crianças, fazer as tarefas escolares, guardar os brinquedos, e tantas outras determinações. Mas, a teimosia logo se dissipa com o afago no olhar. Mariana é vida, sonho, alegria. É a expressão de Deus em nossas vidas. É no nosso caminhar .

Um comentário:

  1. Abençoada a Suzete por ter uma filha como a Mariana.
    Sortuda a Mariana por ter a Suzete como mãe.

    Vida longa e feliz! Que esta inquietude e rebeldia não se percam no caminho e te levem sempre ainda mais longe.

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