sábado, 15 de outubro de 2011

Escolha ou renúncia?

Não sei se as pessoas nascem com o destino traçado ou ele vai sendo construído através de ações concretas, no caminhar firme, com marchas e contramarchas, avanços e retrocessos. Ultimamente me pego meditando sobre os enigmas da vida, carma, encontros, desencontros, sofrer, amar, felicidade, tristeza, esperar. E a responsável por essa reflexão é Welba, amiga que trago no coração desde a infância. Sua história se assemelha a uma fábula, de tão difícil compreensão. No entender da jovem senhora seu viver é sempre acompanhado pela renúncia. Penso eu que a palavra certa é escolha.

Desde muito jovem, fugiu ela do agir de acordo com figurino da cabeça, de analisar e explicar a vida antes de vivê-la. Preferiu ouvir o coração e se entregar apaixonadamente. O preço, abandonar o projeto de mestrado na Itália pelo casamento com o rapaz vibrante que conhecera um mês atrás. Nunca mais falou em estudo, muito embora acredito não ter esquecido o sonho das descobertas, do questionar e descortinar que a Academia proporciona.

Welba é assim. As decisões, toma sozinha. Espera um ou outro sinal, o coração falar e, pronto. Escolha feita. Não mais olha para trás. Assim fez quando abriu mão de um tórrido romance em nome da família. Conta a minha amiga que renunciar (lá vem à danada se intrometendo na história) esse amor foi como abrir mão do prazer de viver. Mas, os filhos se tornaram prioridade com a possibilidade de perdê-los, após ameaças do marido, que, de compreensivo, tornou-se rancoroso. 

Talvez a traição tenha mudado o  modo de ser e pensar daquele homem. Ou o tenha instigado a cometer adultério, apaixonar-se por outra, abandonar a casa, filhos, esquecer as promessas de amor eterno, fidelidade.

Semelhante ao poeta, minha amiga levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima. Em pouco tempo, novos desafios, escolhas. Quase todas difíceis. Há poucos dias, abriu mão da possibilidade de emprego em país de primeiro mundo, salário alto, crescimento profissional. Para os amigos, loucura renunciar oportunidade única, desejada, idealizada por muitos. Não aceitam que Welba tenha ouvido somente o coração. Neste caso, dizem, a razão deve prevalecer. 

Feito menina que troca a boneca importada pela aventura da caça aos passarinhos no sertão, acredito eu ter minha amiga se embrenhado no mundo do amor, do pulsar. Estaria ela esperando o final feliz ou apenas cuidando do passarinho com asas? Incógnita é minha amiga. Poucos conseguem alcançá-la, descortiná-la. Feito atriz de teatro, está sempre representando e tendo a vida como palco. Tem se especializado em papéis alegres. 

Curiosa, estou cada vez mais próxima de Welba. Acompanho bem de pertinho seus passos, lutas, decisões e renúncias. Semelhante a um adivinho tento prever o final da história. Coisa difícil. Para complicar esse jogo da vida, não sei se o destino vem traçado ou construímos, cada um de nós, o próprio ‘scritp’.

2 comentários:

  1. Assim como a Welba, acredito que a vida deve ser vivida, intensamente, com sentimento. "Porque metade de mim é amor e a outra metade também".

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